O que mais me chamou a atenção no filme “Como estrelas na terra” (produção indiana de 2007, dirigida por Aamir Khan), foram os rótulos que o aluno Ishaan carregava e o quanto ele sofria por carregar esses rótulos. E o quanto a escola tem papel fundamental na vida desses sujeitos. E o quanto o professor é o norteador de tudo, de um ensino de qualidade ou de um ensino engessado que só reproduz coisas e não constrói nada. O filme é emocionante, pois além da história do Ishaan, ele nos remete a nossas salas de aulas e nos faz parceber que muitas vezes temos muitos alunos assim como o Ishaan e não estamos olhando, só estamos vendo. O filme me fez refletir, sobre a educação, sobre o papel da escola e principalmente sobre meu papel de educadora e formadora e da importância do dialogo com meus alunos.
Fico pensando na minha responsabilidade de formar alunos pensantes e atuantes e ao mesmo tempo me sinto frustrada, porque são tantas coisas que nossos alunos da escola pública não tem acesso. Não tem nem um professor valorizado. Mas como a gente se sente responsável por esse saber, a gente tenta... A gente pesquisa (em casa, no dia de folga, no domingo de manhã), a gente leva material (que a gente mesmo produz), a gente compra material (com o nosso dinheiro mesmo), a gente planeja levar no museu (e leva e paga para aquele aluno que não tem), a gente planeja aula para falar sobre aquele livro que eles precisam ler, sobre aquela obra de arte que eles precisam ver, sobre aquelas músicas que eles precisam escutar... A gente fala muito sobre a sociedade, a gente trabalha sobre a diversidade, falamos sobre os sentimentos, sobre alimentação correta, sobre higiene... Professores também escutam muito... Escutam o aluno que está com problemas em casa, aconselha, chama família, aconselha família, escuta família, escuta até o vizinho (se servir para ajudar o aluno). A gente também escuta muito da sociedade, todo mundo adora falar sobre educação e sobre os professores, sem sequer terem pisado numa sala de aula, mas tudo bem... A gente segue fazendo nosso trabalho, a gente se sente responsável por cada aluno dentro das nossas salas de aula... E a gente tenta cotidianamente formar esse sujeito... E assim, penso eu, seguiremos.