Fui alfabetizada no final
dos anos 80, onde os professores estavam pensando em novas metodologias. Ou
seja, havia uma alternância entre o “método da abelhinha” e o chamado “novo
construtivismo”. Emília Ferreiro estava no auge nessa época ao mesmo tempo que
a cartilha era o livro base da minha professora de primeira série. Saí da 1ª
série lendo e escrevendo com uma letra bem desenhada, devido aos incontáveis
exercícios de caligrafia que fazia na escola e em casa. Mas, não sai letrada da
1ª série, o que era bastante compreensível naquela época, visto que os
professores nem sabiam o que era letramento. Eu era uma aluna com déficit de
atenção, o que também não era compreendido pela minha professora, que me taxava
de desleixada e incomodativa. Nessa época os problemas de aprendizado não eram
estudados também. Minha professora, detinha todo o saber e minha mãe concordava
com ela, eu era vista como uma “folha em branco” que estava aprendendo tudo na
escola. Atualmente temos Becker para nos explicar as epistemologias.
Hoje, sendo alfabetizadora
há 9 anos, não julgo a minha professora. Falar sobre alfabetização é fácil,
difícil é praticar todas as teorias e metodologias estudadas. É um desafio
achar o jeito certo de ensinar e letrar uma criança. Eu na minha sala de aula
não sigo nenhuma metodologia especifica, tento misturar várias. Geralmente,
parto do todo para a unidade utilizando também a fonética. E tento construir
atividades significativas para meus alunos, inclusive o famoso alfabeto que
fica em cima do quadro, na minha sala o utilizo de outra forma. Tornar o
ambiente alfabetizador onde a criança se identifique. Não me sinto uma
professora construtivista e noto que a maioria dos professores que se dizem não
sabem de fato o que é o construtivismo. Entende que o construtivismo é uma
teoria e não uma metodologia.
Fazer com que o aluno
participe ativamente do próprio aprendizado ao mesmo tempo que esse aluno não
pode escolher o tipo de letra com que quer escrever é um tanto contraditório.
Letra cursiva em ciclo de alfabetização? O aluno precisa ler e entender o que
está escrevendo, não adianta ter a letra linda e não assimilar as letras que
escreve. Tenho uma crítica bem forte quanto ao uso da letra cursiva. Outra
preocupação quanto a alfabetização, recai sobre aqueles alunos que não evoluem
no processo de escrita alfabética. O que fazemos nós alfabetizadoras? E quando
a família deste aluno não colabora com a escola e nem se importa em ajudar esse
aluno no seu processo. O que fazemos? E será que precisamos padronizar essas
crianças na mesma caixa e na mesma hipótese? A sociedade está tão
multicultural, porque as teorias e metodologias não estão dando conta dessa
multicultura? Volto a perguntar, o que nós alfabetizadora fazemos?
Penso também que não basta o
aluno reconhecer as letras do alfabeto e seus sons e juntar as sílabas e formar
palavras. O aluno precisa entender o que ele lê e precisa saber vivenciar o que
está lendo e escrevendo. Precisa compreender que escrever e ler não é só para o
professor corrigir, é para a vida. Não precisamos de exercícios mecânicos para
tornar esse aluno um copista, o que precisamos é de atividades para fazer esse
aluno pensar e desta forma construir seu saber. E como ter todas essas
atividades necessárias, quanto o governo não dá suporte?
O professor precisa se
despir do seu ego de professor que sabe tudo e ir buscar o que melhor cabe para
seus alunos. Os índices de alfabetização não estão bons, mas não somos quantitativos,
precisamos começar a refletir sobre nossa pratica de alfabetizadores e
tentarmos melhorar isso em sala de aula, números não importam, a qualidade de
ensino sim.
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