terça-feira, 17 de abril de 2018

Que escola temos? Que escola queremos?




Julia Varela e Alvarez-Uria no texto “A Maquinaria Escolar”, capítulo inicial do livro “Arqueologia da Escola”, ao fazer um estudo arqueológico do surgimento da escola enquanto instituição, que coloca um contingente de indivíduos ocupando um mesmo ambiente, e ao mesmo tempo compartimentando-os/as em salas de aula com diferentes níveis, distribuindo saberes por idades, privando a troca de conhecimento entre os sujeitos. Discutem este espaço como sendo fruto de uma construção sócio-histórico-cultural, legitimadoras das relações de poder, atuando como uma engendrada “maquinaria escolar”.
Existe uma grande divergência histórica entre a escola ideal e a escola para os pobres, apresentando vários desafios vivenciados pelos professores, pois cada situação é peculiar e exige uma resposta, um posicionamento do professor, que atua diretamente com alunos e pais e conhece de verdade a realidade dessas pessoas. Não podemos querer ter uma escola democrática, sem chegar nesse sujeito e fazer ele se sentir pertencente aquele espaço.
A educação é uma luta, uma luta política e de dominação, muitas vezes as classes dominantes tendem disfarcadamente impor essa dominação na classe trabalhadora e tendem a dominar eles desde a infância, através da escola, que antigamente tinha como objetivo só formar trabalhadores, atualmente nessa escola democrática, tentamos formar e construir um sujeito pensante e critico, para atuar na sociedade, da forma que quiser, sem oprimir nenhuma classe. A educação sempre foi um direito de todos, mas de que forma?

Os alunos ainda estão enfileirados, não trocando muitas experiências, muitas vezes sendo copistas de conteúdo sem nem saber o que se trata, recebendo um currículo imposto, de uma gestão que não tem autonomia dentro da sua própria escola, pois precisa seguir as demandas de algo superior. A escola continua sendo conteudista e quer enquadrar os alunos em caixas. Não se pratica mais castigos físicos, mas se pratica “rótulos” em alunos que não se enquadram no que a escola deseja. Mesmo a sociedade estando além dos problemas urbanas trazidos pela década de 20 e sendo uma sociedade multicultural, a escola ainda permanece muito parecida com que era no passado. A própria palavra do texto “maquinaria” se refere a maquinas que remete a produção em série.  Ou seja, alunos que tem o mesmo padrão, evoluem na escola, alunos diferentes são rotulados e permanecem repetindo e repetindo. A escola trata todos como se todos fossem iguais.
Qual dos dois modelos incomoda mais? Que versão combatemos como professores?  Estamos tentando de fato mudar nossa escola?



Referência: VARELA, Julia et al. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p.68-96, 1992. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/70553618/Julia-Varela-e-Fernando-Alvarez-Uria-Maquinaria-Escolar-1>. Acesso em: 16 abr. 2018. 

Um comentário:

  1. Ótimas reflexões, muito bem embasadas teoricamente.
    Gosto muito de ler teus textos. As reflexões sobre as práticas precisam acompanhar as transformações históricas e sociais, bem como conhecer a trajetória da Educação.
    Seguimos resistindo e lutando pela educação pública e de qualidade!

    Att,
    Katielle de Oliveira
    Tutora de Seminário Integrador- Eixo VII- Turma E

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