Rubem Alves traduziu
brilhantemente em palavras minha grande inquietação como professora.
Será que somos gaiolas ou
asas?
Muitas vezes, penso que somos
gaiolas. Gaiolas que não dão liberdade. Gaiolas que não oportunizam. Gaiolas
que não valorizam. Gaiolas reprodutoras. Muitas vezes, nos tornamos gaiolas
diante de tanto descaso ou por puro cansado, mas somos gaiolas. Vivemos dentro
desses prédios de tijolos chamados de escolas que poderiam ser chamados de
gaiolas e dentro dele acabamos enfileirando nossos pássaros, não criando
oportunidade de crescimento pois estamos ali só reproduzindo o que já nos foi
ensinando e o que nos cobram. Dentro dessas gaiolas temos obrigações, listas de
regras e conteúdos a seguir, não podemos respirar ou cantar, as vezes só
lamentamos. São tantas mazelas, são tantos pássaros enfileirados que parecem
gaiolas de caixinhas, todos têm que possuir a mesma forma, senão acabam sendo
depenados. Obrigamos nossos pássaros a ficarem 4 horas nessas gaiolinhas, sem
fazê-los ver o mundo.
Que triste realidade a nossa... Nossa gaiola.
Mas em outras tantas vezes,
nos vejo como asas. ASAS. ASAS que batem livremente, que democraticamente
escolhemos ser. Somos asas quanto assumimos as responsabilidades que nos
pertencem e criamos. Somos asas quando damos oportunidades dos nossos pássaros
serem livres e pensantes. Somos asas quando damos liberdade para percorrer o
mundo, quando não engaiolamos e deixamos nossos pássaros cantarem livremente a
melodia que desejarem, porque somos asas quando aceitamos a escolha do outro,
entendemos e fazemos o melhor para esse pássaro atingir o melhor que ele pode. Somos
asas quando entendemos que somos diferentes e iguais, porque devemos sempre dar
as mãos e andar juntos, para cada vez mais sermos asas e acabarmos com as
gaiolas.
Então, muitas vezes somos
gaiolas, mas não podemos deixar nossas asas serem cortadas, elas precisam voar
e quando isso acontecer com todos, as gaiolas vão deixar de existir.
Há esperanças…
Oi Melissa. Sim existem horas que somos sim escolas gaiolas e vezes que somos escolas asas. Rubem Alves utilizou de uma forma bem apropriada essa metáfora. Interessante que colocas aqui no teus escritos para que mais colegas professoras saibam e passem a refletir. Torcendo para que cada vez mais colegas professoras resolvam ser Escolas asas. Resolvam delegar autonomia para seus alunos. Uma autonomia que se constrói gradativamente e que enriquece o espaço escolar. Segue Melissa escrevendo que eu vou seguir te acompanhando. Abraço, Betynha (Tutora do PEAD2/UFRGS)
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