Um
dos grandes desafios encontrados pelos educadores da EJA é a evasão, tendo em
vista que a clientela dessa modalidade geralmente trabalha durante o dia e isso
acaba atrapalhando sua rotina escolar, pois muitas vezes estão cansados e isso
é um fator que favorece a evasão.
Outro
favor enfrentado pelos professores e escolas é a dificuldades que esses alunos
apresentam, poucos como aponta Hara, aprendem com competência.
Existe
outros fatores também, de nível social, muitos alunos dessa modelidade são
marginalizados pela sociedade, muitos não são alfabetizados e pouquíssimos são
letrados. A maioria é muito pobre, apresentando muitas dificuldades cognitivas
que não tiveram acesso a escola no tempo de escolarização. E isso gera esse
pré-conceito na vida em sociedade. Sabemos que a língua, sua leitura e escrita
tem poder, logo esses alunos não são empoderados no seu ambiente social.
O
desafio enfrentado pelo professor da EJA é enorme, não basta só alfabetizar, é
preciso alfabetizar com competência e motivar esses alunos para a aprendizagem,
porém como aponta Hara, isso é pouco encontrado. Sabemos o quanto nossa
sociedade é elitizada, sendo assim a educação com competências não ocorre para
todos da mesma forma.
Finalizo esse relato com um poema da Conceição Evaristo,
pois me remete muito a esses desafios.
Do fogo que em mim arde
Do fogo que em mim arde
Sim, eu trago o fogo,
o outro,
não aquele que te apraz.
Ele queima sim,
é chama voraz
que derrete o bivo de teu pincel
incendiando até ás cinzas
O desejo-desenho que fazes de mim.
Sim, eu trago o fogo,
o outro,
aquele que me faz,
e que molda a dura pena
de minha escrita.
é este o fogo,
o meu, o que me arde
e cunha a minha face
na letra desenho
do auto-retrato meu.
Conceição Evaristo, no livro “Poemas da recordação e outros movimentos”.
Belo Horizonte: Nandyala, 2008.
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