Pesquisa
sobre diversidade no Google Docs:
Até
agora, responderam a pesquisa 37 pessoas responderam a pesquisa, dessas 43,2%
tem mais de 40 anos, 37.8% tem entre 30 e 40 anos e 18.9% tem entre 20 e 30 anos. Em relação ao preconceito racial
36.1% pensa que existe e é discutido, 38.9% pensa que ele existe, porém não é
declarado e 25% pensa que existe e é ignorado. Já sobre a homofobia, 35.1%
pensa que existe, porém é ignorada,
32.4% pensa que existe e é discutido sobre, 29.7% pensa que ela existe,
mas não é declarada e dessas uma pessoa acrescentou que além da homofobia
existir, ela é fortemente acobertada pela mídia. Dessas pessoas que responderam
a pesquisa, 66.3% já sofreu preconceito e apenas 23.7% não sofreram. Dessas
pessoas 94.7% já presenciaram uma atitude preconceituosa. A maioria das pessoas
que responderam a pesquisa trabalha com educação, sendo professores e gestores
de escola, dessas pessoas 76.3% trabalha sobre o preconceito racial em sala de
aula e 23.7% não trabalha sobre preconceito racial. Esses dados apontam para a
pesquisa da SILVEIRA da Universidade Federal da Bahia, onde a autora diz que:
Assim,
a sociedade, especificamente a escola, constrói várias respostas para explicar
as desigualdades, e acaba desconsiderando que uma das principais justificativas
pode ser encontrada no seu interior: nas práticas pedagógicas, as vezes,
discriminativas, que acabam impactando a vida dos alunos, afetando o desempenho
escolar e o seu futuro, já que o insucesso na escola pode contribuir para sua
“exclusão” social na vida adulta.
Percebe-se
que no espaço escolar, é onde acontece muito racismo e homofobia e mesmo assim,
não são temas trabalhados em sala de aula. Mesmo com a LBDEN, os parâmetros curriculares
e o PEE, que garantem o trabalho sobre diversidade, poucos são os que fazem.
Acredito que por pouca informação ou formação. O artigo 3º da LDBEN, inciso XII faz consideração com a diversidade étnico-racial. Já
no PEE do nosso estado, tem como estratégia da meta 2:
Manter
e ampliar, a partir da aprovação do Plano, programas e ações de correção de
fluxo do Ensino Médio, por meio do acompanhamento individualizado/a do
estudante com rendimento escolar defasado e pela adoção de práticas como apoio
pedagógico, estudos de recuperação e progressão parcial, de forma a
reposicioná-lo/a no ciclo escolar de maneira compatível com sua idade;
respeitando a orientação sexual, a identidade de gênero e os direitos humanos;
Ao perguntar, na pesquisa sobre diversidade,
de que forma as colegas trabalham sobre o preoceito racial em sala de aula, me
responderam que, trabalham o tema através de propostas lúdicas e interessantes
para as crianças, usando bricadeiras e literatura infantil, trazendo fatos
históricos para enriquecer o trabalho, oportunizando debates e projetos,
contando com uma rede de apoio como a galera curtição, trabalhando a
auto-estima das crianças e conscientizando sobre a importância do respeito a
diversidade.
Já sobre a homofobia, apenas 50% dos
entrevistados trabalham em sala de aula sobre o tema. O que me leva a perceber
que a homofobia é mais ignorada. Talvez isso venha do fato do nosso país estar
sofrendo retrocessos na educação. Ou por falta de formação e capacitação
adequada. Muitas vezes também, o preconceito vem do próprio professor.
A pesquisadora da UNESCO (Castro, 2005),
aponta que:
Há que se estimular os
professores [e professoras] para estarem alertas, para o exercício de uma
educação por cidadanias e diversidade em cada contato, na sala de aula ou fora
dela, em uma brigada vigilante anti-racista, anti-sexista, [antihomofóbica] e
de respeito aos direitos das crianças e jovens, tanto em ser, como em vir a
ser; não permitindo a reprodução de piadas que estigmatizam, tratamento
pejorativo.
Dessas
pessoas que trabalham com o tema homofobia em sala de aula, trabalham o tema em
forma de projetos, com filmes, debates, fazendo intervenções diárias e fazendo
apontamentos sobre o preconceito. Sobre onde o preconceito deve ser tratado,
73.7% pensa que deve ser tratado pedagogicamente na escola, outros pensam que
deve ser tratados pelos grupos militantes, já outras pessoas pensam que deve
ser tratado por quem sofre o preconceito e outros pensam que deve ser tratado
em outras situações.Apontaram que o tema deve ser trabalhado em casa, no
trabalho, na família e na sociedade, que não pode haver conflitos entre a
escola e a família, que todos devem ter a mesma linha, para oportunizar a
reflexão acerca do tema. E sobre o professor 97.4% pensam que o professor deve
reavaliar a sua prática, refletindo valores e conceitos, repensando suas ações cotidianas
e trabalhando
projetos sobre diversidade em sala de
aula, procurando investir em
formações adequadas sobre o
tema. Já o restante pensa que o professor deve ser neutro sobre questões
sociais. O que não vai de encontro com o pensamento de Freire sobre a
neutralidade do professor, lembrando da importância da debate sobre diversidade
em sala de aula. Como
coloca Como
coloca (FREIRE, 2015, p. 39):
A
tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a
irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, a
quem comunica, a produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há
inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde
a dialogicidade. O pensar certo, por isso, é dialógico e não polêmico.
Devemos
como professores, estar bem atendo as demandas de uma sala de aula
multicultural, onde a diversidade se faz presente. Precisamos sair da caixa
comum e dos rótulos e começar a ver nossos alunos pertencentes aquele lugar e
portanto devem ser respeitados na sua diversidade, bem como nós na nossa
diversidade. Freire afirma também que a escola tem uma função conservadora,
refletora e reprodutora das desigualdades e injustiças sociais. Mas, que pode
ser também um instrumento de resgate da cidadania. Sendo assim, o educador tem
um forte papel político-pedagógico, já que não existe educação neutra. E além
de não sermos neutros, precisamos dar voz
aos que estão sendo oprimidos pela sociedade que insiste em fingir que
não há preconceito, ou não debater sobre, ou tentar mascará-lo. Como
nos traz (FREIRE, 2005, p.70):
Na
verdade, porém, os chamados marginalizados, que são os oprimidos, jamais
estiveram ‘fora de’. Sempre estiveram ‘dentro de’. Dentro da estrutura que os
transforma em ‘seres para outro’. Sua solução, pois não está em ‘integrar-se’,
em ‘incorporar-se’ a esta estrutura que os oprime, mas em transformá-la para
que possam fazer-se ‘seres para si’.
A
pesquisa finaliza com 82.1% das pessoas entrevistadas respondendo que as
situações de desigualdade e discriminação presentes na sociedade são
instrumentos para conscientização dos alunos quanto à luta contra todas as
formas de injustiças sociais e o restante das pessoas pensa que são pontos de
reflexão para todos, inclusive para o professor que está ai, podendo servir
como exemplo para os sujeitos do espaço escolar.
Referências
Bibliograficas
1) CASTRO, M. G. Gênero e Raça: desafios à
escola. In: SANTANA, M. O (org). Lei 10.639/03 – educação das relações
étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afrobrasileira e africana
no fundamental. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador, 2005.
2) FREIRE,
Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
3) _____,
Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 50. Ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.